quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A transculturalidade no Movimento Ecologia Profunda


O diagrama ilustrado na Figura realça a forma como, através do questionamento e da interrogação profundos, o indivíduo constrói a sua mundividência, que integra o nível 1 do diagrama e é suportada nos oito princípios do MEP. A sua construção deve adaptar-se à realidade religiosa, social e cultural do indivíduo que a reconstrói à medida que o mundo, e ele próprio, se transformam e progridem. A edificação da sua ontologia - da sua metafísica individual – é deixada ao critério de cada indivíduo. Ao passo que a elaboração de políticas e normativas que, eventualmente, se concretizam nas ações e decisões particulares, é da responsabilidade das diversas sociedades e comunidades humanas. Os oito princípios que constituem a plataforma do MEP são transculturais, e situam-se no nível 2 do diagrama de Apron.

Numa reflexão acerca da diversidade de concretizações de cada um dos níveis, parece-nos que a variabilidade do nível 1 é vasta e próximo do grau de variabilidade do nível 4 onde se incluem as ações e decisões individuais. No nível 2, onde se encontram os princípios da plataforma do MEP, é onde encontramos menor variabilidade ao passo que no nível 3, onde se situam as normativas e políticas adotadas que estarão, virtualmente, adaptadas às realidades sociais, culturais e económicas das comunidades que as constroem e adotam, encontramos uma diversidade maior que no nível 2 mas, com certeza inferior às que encontramos nos níveis 1 e 4..

Independentemente de nos identificarmos, mais ou menos, com determinadas correntes ecosóficas, o que nos parece interessante e útil no MEP é a sua capacidade de adaptação, quer ao indivíduo quer às sociedades, permitindo a construção de ontologias ecológicas diversificadas, individuais e coletivas que conduzam as sociedades a uma relação mais harmoniosa, respeitosa e saudável entre si e com o mundo natural do qual são parte integrante e legítima.

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